Dificilmente consegue ser derrotada uma máquina governamental que tem plenas condições de manipular o voto entre os eleitores mais ignorantes e que pode, sobretudo, fraudar a eleição nos mecanismos de apuração. Por isto, parece bastante improvável uma vitória de Rene Capriles contra Nicolas Maduro, no pleito deste domingo na Venezuela, quando o eleitorado volta às urnas quase um ano depois de ter eleito um Chávez “completamente curado do câncer” (conforme promessas na campanha).
As pesquisas mais confiáveis, no entanto, indicam uma derrota do regime de chavista - que continua mais vivo que nunca na propaganda eleitoral absolutamente fora da lei feita pelos radicais bolivarianos. Eles usaram e abusaram do canal estatal de televisão. Uma das enquetes, feita pela empresa Datamatica semana passada, já indicava que Capriles estaria cinco pontos percentuais na dianteira de Maduro – o inconstitucional presidente interino da República Capimunista da Venezuela.
Numa sondagem feita entre 7 de março e 5 de abril pela Datamatica, Capriles teve uma subida espantosa em seu índice de popularidade. Subiu de 21,7% para 39,7%. Ao contrário, a popularidade de Maduro desabou de 55,6% para 34,9%. A intenção de voto no chavista também despencou 20,5%, enquanto o desejo manifesto de votar em Capriles cresceu 18%. De acordo com tais indicadores, se a turma de Chávez ganhar fica bem evidente a ocorrência de uma grande fraude – que dificilmente será verificada na prática, porque o governo domina a Comissão Nacional Eleitoral.
Caso ocorra uma acidental vitória de Capriles, os bolivarianos vão inviabilizar o governo dele, imediatamente. O cenário provável com Capriles conquistando o poder pelo voto seria uma Venezuela mergulhada em uma espécie de guerra civil – a não ser que Capriles consiga um milagroso apoio externo, principalmente dos EUA (que nunca se meteram tão ostensivamente em assuntos internos da Venezuela, mesmo sob a democradura Chávez).
O risco de conflito é bem concreto já que os militares exercem uma espécie de poder paralelo no regime bolivariano – o que tende a impedir qualquer modificação do sistema pela pacífica via eleitoral. Se houver uma guerra civil, tende a durar pouco tempo. O aparelho repressivo chavista já está bem organizado e pronto para ser empregado. A oposição perde a batalha rapidamente. O curioso na história é isto acontecer em um país com a economia bastante destroçada, com desabastecimento de produtos essenciais e inflação real bem elevada - já que a moeda local (o bolivar) nada vale.
Crises sempre derrubam governos, na regra geral da história. Os venezuelanos conseguem a façanha histórica de sacramentar e manter no poder os líderes carismáticos em um governo que fabricou uma brutal crise econômica – com risco de levar o País ao caos. Tal fenômeno só pode acontecer pela via do aparelhamento da máquina estatal e da mais deslavada fraude eleitoral (crime que não se consegue provar). Eis a eficácia da democradura bolivariana.
No Brasil, corremos o risco de assistir, em 2014, a um fenômeno bem parecido. Já está mais que evidente a falência múltipla dos órgãos institucionais em nosso Capimunismo tupiniquim - um modelo econômico dependente, improdutivo, usurário e impostor. Fruto de uma mania especulativa e desonesta que povoa nosso imaginário consumista, a inflação voltou com força – principalmente no setor essencial de alimentação, o que penaliza todo mundo. O preço alto do tomate já virou piada de mau gosto...
Apesar da crise, da corrupção crescente na máquina pública (com formas cada vez mais sofisticadas de mensalões), das obras públicas anunciadas que nunca chegam ao fim, das reformas política e tributária que ficam só no campo da promessa, tudo indica que Dilma Rousseff desponte como favorita para a eleição de 2014.
O motivo para o triunfo da vontade petralha e de seus comparsas é bem$imple$: a máquina partidária PT-PMDB teria nada menos que R$ 100 milhões (até agora) para investir na reeleição a todo e qualquer custo. E a petralhada faz uma bela poupança em Euros. Só falta agora reconquistar a confiança do setor financeiro – que preferia uma gestão socialista fabiana para o Brasil.
Os banqueiros fazem ameaças nos bastidores de que tendem a apoiar um Aécio Neves da vida ou apostar em uma versão mais light do atual regime, com a candidatura de Eduardo Campos. O problema será convencer o eleitorado ignorante que o Neto de Tancredo Neves ou o neto de Miguel Arraes podem ser páreo para a Dilma Rousseff (cujo desafio imediato é conseguir dar uma segurada na crise que estava prevista desde bem antes da eleição dela, em 2010).
Uma vitória bolivariana neste domingo servirá apenas para mostrar que as máquinas encasteladas no poder têm plenas condições de perpetuação. No final das contas, o que fica evidente é a derrota da chamada democracia representativa – quando a massa ignara ou a fraude eleitoral bem feita produzem líderes demagogos, corruptos e incompetentes para governar países potencialmente ricos, porém pobres de visão realmente democrática e desenvolvimentista.
Luiz Inácio Lula da Silva é um grande exemplo de tal fenômeno político escatológico. Finalmente investigado por corrupção no Mensalão – mas com grandes chances de sair ileso por causa do poder político e econômico que tem de sobra -, Lula ainda promete que será o principal cabo eleitoral que reelegerá Dilma Rousseff.
O duro é que ele tem razão. Hoje, Lula só pode ser derrotado pela própria saúde – que inspira cuidados concretos. Se tiver voz e pulmão, o "guerreiro do povo brasileiro" fará ainda muito estrago político... Hoje, eu votaria em Lula para Presidente. Do Banco Mundial, do Federal Reserve, do Banco Central Europeu... O cara é um brilhante multiplicador de votos e também de moeda estrangeira... In Lula they trust...
No mais, o triunfo da vontade petralha tem tudo para se realizar em 2014, apesar dos danosos efeitos da crise econômica. O fato concreto é que a petralhada não tem oposição suficiente e muito menos eficiente para derrotá-la. E se a seleção brasileira da CBF vencer a Copa de 2014, tudo fica ainda mais fácil...
Lula lendo um livrinho de cabeça para baixo é uma montagem descarada. Mas a brincadeira tem um poder simbólico concreto. Lula escreve a história ao contrário, como lhe convém. O sujeito Lula um dia vai morrer - como todo mundo. Mas o mito Lula, não. E o sindicalista de (excelentes) resultados já é mais eterno que os diamantes da Rose guardados na Europa.
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