A impressão em Brasília, desde ontem à noite, é que caiu um outro avião, ironicamente conhecido pelo prefixo “PT-PRC”, na cabeça dos dirigentes do PT e do PSB, que pode mudar o rumo dessa imprevisível eleição presidencial. Como era previsto e conhecido há mais de uma semana nos bastidores do poder, o “avião-delator” Paulo Roberto Costa entregou nomes e provas contra os comparsas nos crimes de lavagem de mais de R$ 10 bilhões sob investigação da Operação Lava Jato. Dilma Rousseff e Marina Silva ficaram apertadinhas ontem. Se o doleiro Alberto Youssef aderir à delação premiada, a crise fica “ainda mais séria”.
Além dos esperados políticos da base governista, junto com três governadores, 61 senadores e mais de 200 deputados, na lista de PRC aparece um milionário apresentador de televisão, um ex-craque de futebol, vários presidentes de clubes e, para tornar o Dia Internacional do Sexo mais excitante, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. Neste ponto, procuradores já desconfiam que a Lava Jato se junta com a recente investigação sobre suspeita de lavagem de dinheiro, envolvendo o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendini, dedurado pelo motorista que fora servidor da amiga Rosemery Noronha. E se a Itália fizer retornar ao Brasil o ex-diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato, foragido do Mensalão, para contar tudo que sabe, o PT terá de sair do mapa...
Se a investigação puder realmente ser levada a todas as consequências, na prática, a República Sindicalista do Brasil teria de ser fechada para revisão completa. Agora o risco concreto é que, como o escândalo mexe com muita gente poderosa demais, comece a ser abafada – da mesma forma como ocorreu com escândalo do Banestado -, para restringir as punições a alguns bodes expiatórios, como é costume no Brasil da Impunidade ampla, geral e irrestrita.
A revista Veja deste final de semana traz uma listinha inicial dos nomes que Paulo Roberto Costa citou, apresentando provas de envolvimento na Lava Jato: “Entre eles estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Do Senado, Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR), o eterno líder de qualquer governo. Já no grupo de deputados figuram o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC), um dos mais ativos integrantes da bancada do PP na casa. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP, é outro citado por Paulo Roberto como destinatário da propina”.
Veja também informa que, da lista de três “governadores” citados pelo ex-diretor, todos os políticos são de estados onde a Petrobras tem grandes projetos em curso: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão. Logicamente, por causa das negociatas com a refinaria breu e Lima, em Pernambuco, sobrou para o agora santificado Eduardo Campos (PSB), ex-governador e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo. Para pavor dos petistas, PRC confirmou que João Vaccari Neto, Tesoureiro Nacional do Partido dos Trabalhadores, era o operador encarregado de fazer a ponte entre os esquemas e o partido.
Concretamente, com provas, Paulo Roberto Costa dedurou pelo menos 25 políticos vinculados a cinco partidos (PT, PMDB, PP, PR e PTB). Um nome misterioso é de um “operador do PMDB”, político fluminense, a quem Paulo Roberto Costa atribuiu o papel de intermediário de aliados do governo em negociações com empresas fornecedoras de bens e serviços à Petrobras. A atuação desse político se estenderia à distribuição de propinas a partir de contas no exterior. Paulo Roberto Costa se complicou por causa dos US$ 23 milhões que mantinha em 12 contas na Suíça – onde também é investigado por lavagem de dinheiro.
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