Isto é uma vergonha desde 2008, o Brasil passou a avançar mais lentamente do que a maior parte dos vizinhos sul-americanos na melhoria de seus indicadores de desenvolvimento humano.
É o que revela o mais recente Relatório do Desenvolvimento Humano (RDH) da ONU, divulgado na madrugada desta quinta-feira.
O IDH do país (calculado com base em indicadores de educação, renda e expectativa de vida) ficou em 0,744 numa escala que vai de 0 a 1 - e na qual quanto mais próximo de 1, melhor a situação de um país em termos de desenvolvimento humano.Segundo o documento, em 2013 o Brasil subiu uma posição no ranking elaborado pela ONU a partir do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 187 países, passando para o 79º lugar.
Com isso, o Brasil está atrás de países como Argentina (0,808), Uruguai (0,790) e Venezuela (0,764), mas ainda está a frente da média sul-americana, de 0,731, puxada para baixo por países como Paraguai (0,676), Bolívia (0,667) e Guiana (0,638).
No entanto, se de 1980 a 2008 o Brasil era o país que mais rapidamente avançava entre os sul-americanos na melhoria dos indicadores nessa área, desde 2008 passou para o grupo dos que fazem progresso mais lentamente.
De 1980 a 2008, o IDH brasileiro teve uma alta acumulada de 34%, a maior da região.
A alta argentina, por exemplo, foi de 16%, a uruguaia, de 17%, a da Venezuela, de 18% e a do Peru, também de 18%.
Ritmo caiu
Se considerados apenas os dados de 2000 a 2008, o Brasil continua entre os que mais avançaram, atrás apenas da Venezuela e da Guiana. Desde 2008, porém, o ritmo de avanços do país ficou claramente para trás em relação aos vizinhos.
Nos últimos cinco anos, a alta acumulada no IDH brasileiro foi de 1,7%, à frente apenas da Colômbia (1,5%), Suriname (1,5%) e Venezuela (0,7%). O Peru foi o país sul-americano cujo IDH mais avançou no período, com uma alta acumulada de 4,2%.
Com tal ritmo de crescimento, o Brasil também acabou caindo quatro posições no ranking geral desde 2008 – apesar da melhoria de 2012 para 2013. Há cinco anos, o Brasil ocupava a 75a posição.
Além disso, se os dados do IDH fossem ajustados para deixar de refletir distorções causadas pelos níveis de desigualdade do país, a nota brasileira cairia 27%, de 0,744 para 0,542.
O indicador resultante desse cálculo é o IDH ajustado pela desigualdade social, calculado pela ONU desde 2010 e que desconta disparidades na renda, expectativa de vida e educação de diferentes grupos sociais do país.
Por ele, hoje o país sairia do grupo de países de alto desenvolvimento e passaria a integrar os de médio desenvolvimento humano, apesar de também ter feito avanços no que diz respeito a redução das desigualdades nos últimos anos.
Horas após a divulgação do relatório da ONU, ministros do governo reclamaram que se os dados do levantamento fossem atualizados, o Brasil teria uma nota melhor em seu IDH.
A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo, defendeu que, com dados atualizados sobre expectativa de vida e renda, o país ocuparia a 67a posição no ranking.
Segundo a ministra, o resultado do IDH “não reflete o que aconteceu nos últimos quatro anos” no Brasil.
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