Na zona norte da cidade de São Paulo, 103 escolas e creches municipais estão, desde sexta (1/04), sem receber merenda. Nenhuma escola foi ocupada. Nenhum protesto foi organizado. Nenhum ativista se engajou nas mídias. O prefeito responsável é Fernando Haddad (PT).
No primeiro ano de mandato de Haddad, por decisão unilateral da prefeitura, foi cancelada a merenda do clube-escola para economizar no orçamento. Não houve protesto dos engajados.
Confira trechos de algumas reportagens:
Bandeirantes
“Creches e escolas da prefeitura de São Paulo estão sem merenda. Pais e alunos ouvidos pela Rádio Bandeirantes são orientados a deixar os filhos em casa por causa da falta de alimentação. Os funcionários dizem a mesma coisa, e a prefeitura confirmou o problema. (…)
Segundo uma mãe entrevista pela rádio, identificada como Raquel, a falta de comida começou nessa terça-feira (5) e ninguém soube informar quando o serviço vai normalizar. “A gente [os pais] perguntou para as mulheres que trabalham da cozinha e elas disseram que a prefeitura pagou, mas não está recebendo, nem elas estão. (…) Então a gente tem que vir aqui buscar as crianças cedo e dar comida em casa”.”
G1
“As netas de Maria de Fátima Lima de Brito voltaram para casa depois de irem à Escola Municipal de Educação Infantil Célia Regina Lekevicius Consolin, no Parque Novo Mundo.
“As aulas foram suspensas hoje pela manhã. Não teve aula para ninguém, disseram que era por tempo indeterminado”, afirmou ao G1 Maria de Fátima, que leva as netas de 12 e 6 anos à escola.
“As aulas foram suspensas hoje pela manhã. Não teve aula para ninguém, disseram que era por tempo indeterminado”, afirmou ao G1 Maria de Fátima, que leva as netas de 12 e 6 anos à escola.
A secretária Gismara da Silva Baptista teve de voltar para casa com o filho de 4 anos depois de levá-lo à Emei Edu Chaves Aviador, no Parque Edu Chaves. “A diretora e a coordenadora estavam no portão avisando que não tinha merenda”, afirmou. “Tive de falar com meu chefe e trazer ele para o meu trabalho”, disse Gismara, que trabalha em uma empresa que faz adereços para o carnaval.”
CBN
“A reportagem da Rádio CBN esteve na Escola Municipal José Bonifácio, em Santana, e na creche Célia Regina, no Tremembé. Na escola, que atende 350 alunos, uma funcionária orientava os pais por telefone a não levarem os filhos nesta quarta. Um cartaz na porta comunicava a falta de merenda. Na creche Célia Regina, os 260 alunos foram dispensados.”
Folha
“Na Emei (Escola Municipal de Ensino Infantil) Eudoxia de Barros, que atende crianças da pré-escola, os pais ficaram sabendo que não haveria aula ontem cedo. “Cheguei às 7h e os funcionários disseram que não ia ter aula porque estavam sem merenda e não havia previsão de entrega”, disse o taxista Fernando Pereira Mendes, 30 anos, pai de uma aluna de cinco anos.
Já na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Professora Esmeralda Salles Pereira Ramos, onde estuda o enteado do taxista, os alunos passaram o dia sem merenda. “A sorte é que ele tinha lanche na mochila, se não tivesse passaria fome. Só na hora da saída é que informaram que até sexta-feira as crianças devem levar um lanche porque não há merenda na escola”, disse.
Cada escola está lidando com a falta de comida de um jeito diferente. Sem se identificar, a reportagem ligou para a escola Professor Adolpho Otto de Laet e a secretaria informou que as aulas acontecerão normalmente hoje porque a direção usará a verba da APM para comprar comida. Nas unidades onde o horário de aula foi mantido, a recomendação é que os alunos levem lanche de casa.
Na Emef Jardim Fontális, os alunos estão sendo dispensados mais cedo. Um aviso no portão afirma que o motivo é a falta de merenda. Uma funcionária da unidade disse que a prefeitura não deu orientação para a escola. Segundo ela, a direção acreditava que a comida chegaria ainda na manhã de ontem.
“As crianças entram às 13h e saem às 18h20. Na entrada ficamos sabendo que elas sairiam às 16h30. É uma vergonha não ter comida para elas. Algumas vêm para a escola sem almoçar”, disse a dona de casa Lindoya dos Santos, 39 anos, mãe de dois alunos.
A doméstica Gilvana Nascimento, 38 anos, tem duas filhas matriculadas em escolas municipais da região do Tremembé, a Emef Jardim Fontális e a Emef Margareth de Fátima Marques de Azevedo. Em nenhuma delas havia merenda ontem.
“Na terça-feira (5), o dia foi normal. As crianças comeram e eu nem fazia ideia de que isso aconteceria hoje. De manhã, quando fui levar a mais nova para a escola, vi o comunicado de que ela sairia mais cedo porque não tinha merenda. Com o mais velho, da Emef, foi a mesma coisa. Tive que mudar minha rotina para buscá-los na escola mais cedo”, disse Gilvana.
Alunas no 8º ano da Jardim Fontális, que estudam na unidade no turno da manhã, disseram que a merenda foi o assunto do dia. “Muitos passaram fome porque não tomaram café da manhã em casa. Não estávamos sabendo que não tinha merenda”, disse uma estudante de 13 anos.”
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