A situação econômica do País é cada vez mais complexa. A presidente Dilma Rousseff está contente com o índice inflacionário de julho, que foi de 0,03%, um dos mais baixos do ano. Entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses, chegou a de 6,27%, muito acima da meta estabelecida, de 4,5% ao ano.
As duras críticas ao pessimismo do mercado pela presidente expõe outros fatores. Os gastos públicos continuam acirrados e a arrecadação tributária em alta, mesmo com a desoneração e a perda de competitividade das empresas.
O IPCA-15, que considera uma prévia da inflação para o mês de agosto, aponta uma alta de 0,16% contra 0,07% do mês anterior. A inflação acumulada nos últimos 12 meses situa-se em 6,15%, apurados através deste indicador.
O que deverá ter reflexo dentro dos próximos três meses é a aceleração da desvalorização do real frente ao dólar, cuja média está em R$ 2,40, com previsões bem pessimistas de chegar a R$ 2,70 até o final do ano. As ações do Banco Central não estão surtindo o resultado necessário para redução do impacto nos preços, tudo por conta dos problemas do endividamento em moeda estrangeira, aumento das importações e redução das exportações.
A situação vem se agravando em virtude da desconfiança tanto com relação ao ministro da Fazenda Guido Mantega quanto com a própria presidente Dilma, já que as manobras políticas estão cada vez mais evidentes, provocando um represamento de parte da inflação por conta do não aumento dos combustíveis na bomba. Tal fato, alias, prejudica ainda mais a Petrobrás, principal empresa importadora de petróleo.
O que surpreende os acionistas da empresa é perceber que a Petrobrás está perdendo gordura, prejudicando suas operações comerciais internas a medida que subsidia a venda dos combustíveis às distribuidoras. Compra-se gasolina por R$ 1,35 em média e vende-se por R$ 1,05. A perda estimada em seu fluxo de caixa gira em torno de R$ 125,6 milhões, valor apurado sobre a importação até junho de 2013, que chegou a 2,6 milhões de barris - aproximadamente 413 milhões de litros.
O subsídio da Petrobrás na importação sem repasse dos preços a distribuidora representa um desconto de aproximadamente 22,22% sobre o valor de aquisição. Isso sem contar com todos os gastos relativos a distribuição, custos internos e carga tributária sobre o combustível.
Ou seja, a Petrobrás já não tem mais a gordura necessária para reduzir custos e despesas. Atingiu um limite que poderá inviabilizar os investimentos futuros, inclusive no pré-sal. Sem contar os desvios de finalidade por conta das companhias controladas no exterior.
A Petrobras já solicitou o reajuste do preço de combustíveis, mas a preocupação do governo está centrada na situação atual da economia. E um aumento, por menor que seja, implicará automaticamente nos preços de toda a cadeia produtiva, desde o insumo agrícola até o produto acabado.
O governo precisa ter a responsabilidade, competência e obrigação de reduzir gastos, e não utilizar de uma estatal para segurar a meta inflacionária. O prejuízo à população será significativo. Se insistir no uso deste mecanismo, a Petrobrás poderá não existir no longo prazo, em virtude da falta de recursos para financiar sua operação.
Ou o Governo reduz o gasto público, os impostos e estimula a produção, ou teremos dias bem difíceis pela frente. Futuro este que pode estar próximo.
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