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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Pobre Povo Brasileiro



O que todos temíamos está prestes a acontecer: as mobilizações vão começar a arrefecer e as medidas efetivas para melhorar os transportes públicos indignos, a segurança frágil, a saúde genocida e a educação pífia não terão passado de pactos abstratos.

Com o  objetivo de acalmar os ânimos, foi lançado  nos olhos da sociedade um spray de pimenta sob forma de plebiscito, visando à reforma política, há muito implorada pela população, nunca debatida, mas repentina e convenientemente despertada, tal qual urubu-fênix.

Os anões do Parlamento que também são do orçamento se agitaram para não construírem nada de positivo, mais rapidamente, só aumento de entropia.

Mas, retrucam os otimistas, pelo menos vieram como resultado, as quedas nas intenções de votos. Bobagem, tudo no Brasil é volátil e nunca vale o que está escrito nos relatórios dos Institutos de Pesquisa.

Os condenados do mensalão continuarão em liberdade. Será que venceram pelo cansaço? A Justiça não deveria cansar-se mas aqui em Pindorama, tudo é possível, até acontece de umas leis "pegarem" outras "não pegarem"!

O Executivo continuará sendo conduzido por um governante holográfico, que precisa de um ente em paralelo, real, para movimentar-se, um autêntico corvo que gralha lugubremente nas coxias.

Continuaremos a sustentar 39 Ministérios, quase todos exibindo chefes de gabinete dos chefes de gabinete, numa interminável dízima periódica de apaniguados.

A Economia continuará em franca aceleração em direção ao muro,  sem que ninguém se disponha ou tenha coragem de substituir os pilotos que já deram provas que não sabem manejar os instrumentos.

Os gastos públicos continuarão a descrever órbitas abertas e ascendentes. Os superfaturamentos continuarão seus cursos irresistíveis, sem que nunca se saiba onde foi parar o dinheiro. As empreiteiras continuarão a financiar campanhas eleitorais, cobrando a fatura aos eleitos. A perda da liberdade de ir e vir dificilmente será recuperada a longo prazo. Esse é o nosso futuro que nunca se descolou do presente.

Ao invés de  parodiarmos João Ubaldo Ribeiro no seu satírico " Viva o povo brasileiro", deveríamos sentar no meio-fio e, choramingando, murmurar " Pobre povo brasileiro".

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